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Quando em 1870, o proprietário da fazenda Conceição, Major Mathias Antônio Moinhos de Vilhena, construiu na sede da localidade uma capela para que o filho, Padre Paulo Emílio Moinhos de Vilhena, vigário da Paróquia da Campanha, viesse dar assistência aos fiéis do povoado de Vargem Grande. Devoto de Nossa Senhora da Conceição, a imagem da Santa é quem abençoava o vilarejo que se erguia no entorno da fazenda.

Consta do Almanaque Sul Mineiro do ano de 1874 referência à povoação de Vargem Grande:

 “Também, na Vargem Grande, a três léguas da Campanha projeta-se a criação de uma população; já lá construíram uma capela a Nossa Senhora da Conceição e ao redor dela erguem-se algumas casas, colocadas todas em um belo local, que é devassado ao longe. Tendo essa delineada povoação a proteção do importante lavrador e virtuoso cidadão Major Mathias Antonio Moinhos de Vilhena é de crer-se que dentro em pouco tempo tome grande incremento e importância”.

Logo, o povoado passou a ser denominado Nossa Senhora da Conceição de Ponte Alta e mais famílias começavam também a imigrar para o Sul de Minas, rota do escoamento de ouro – já decadente no período – e área de desponte para agricultura. Trabalhadores vinham para cuidar das lavouras de fazendeiros da Campanha, Varginha, Eloi Mendes, São Gonçalo do Sapucaí e Três Corações.

Com o advento da cafeicultura e o fortalecimento da economia agrícola da região, o Sul de Minas se desenvolveu bastante neste período. As fazendas viraram destinos de grupos, principalmente italianos tentando escapar da crise que assolava a Europa no final do séc. XIX. Dentre as primeiras famílias que atracaram na costa brasileira e rumaram para o povoado em busca de melhores condições de vida estão Totti, Lenzi, Pagano, Salotti, Baldin, Ciscon, Belato, Zanin, Pierrotti e Caovila.

Em 1896, foi instituído, pela Câmara Municipal de Campanha, o povoado de Ponte Alta e para o cargo de oficial do distrito foi nomeado Antonio Salotti. Com o desenvolvimento da comunidade que se instalava nas terras do povoado, o Presidente do Estado de Minas Gerais, Júlio Bueno Brandão, promulgou em 1911 a lei que criou o Distrito de Paz de Nossa Senhora da Conceição de Ponte Alta, que viria a ser instalada apenas em 1916 sob os seguintes domínios:

“Começam as divisas deste município com os de Eloy Mendes e São Gonçalo do Sapucaí, na barra do ribeirão Barreto com o de São Domingos, com a que vem do Barreiro e daí segue São Domingos acima nas antigas divisas até o alto da serra de Santa Luzia, pelo espigão desta serra vai até o rumo da cabeceira do córrego dos Patos; por este abaixo até frontear as cabeceiras do córrego do Tijuco Preto e por este abaixo até encontrar as divisas do município Eloy Mendes, por onde vai a estrada, até o ponto de partida.”

A energia elétrica começou a ser gerada em 1920 com a instalação de uma pequena usina na fazenda do proprietário Adamo Caovila – a Companhia Sulmineira de Eletricidade assumiu o fornecimento de energia em 1927.

A reforma da capela de Nossa Senhora da Conceição, em 1926, deixou evidente a necessidade da construção de uma igreja para atender a demanda da população devota da padroeira do povoado. A capela foi demolida para ceder espaço à igreja Matriz, cuja pedra fundamental foi lançada por Dom João de Almeida Ferrão, bispo da diocese de Campanha, em novembro de 1927. O projeto definido por Agustinho Frisotti determinou dimensões de 37m de comprimento, 18m de largura e 30,5 de altura.

Ponte Alta foi elevada à categoria de vila pelo decreto-lei 311, de 2 de março de 1938 e a paróquia foi criada em 1941, pelo decreto de 27 de setembro, assinado pelo Padre José do Patrocínio Lefort.

A denominação de Nossa Senhora da Conceição da Ponte Alta mudou para Monsenhor Paulo, por sugestão do padre José Divino da Silva, como homenagem ao primeiro padre a dar assistência aos fiéis do vilarejo.

Em 1948, foi criado, pela Assembleia Legislativa, através da Lei 336, de 27 de dezembro, sancionada pelo governador Milton Campos, o município de Monsenhor Paulo, desmembrado do município da Campanha. Em 6 de março de 1949, foi realizada a eleição para prefeito, vice-prefeito e vereadores, sendo eleitos, pelo PSD, o prefeito Joaquim Santiago Pereira e o vice-prefeito Luiz Tavares que tomaram posse em 20 de março do mesmo ano.

Para a primeira câmara foram eleitos, pelo PSD, os vereadores Altamiro Ferreira Mendes, presidente; Archimedes Coli, vice-presidente; José Galdino Silveira, secretário; Virgilio Caovilla; Pedro Totti; José Martins dos Santos e Felippe dos Santos Pagano; pela UDN, os vereadores Eloi Xavier da Silva e Djalma Pereira.

Segundo dados do recenseamento geral de 1950 do IBGE, Monsenhor Paulo tinha, na época, 5695 habitantes. Atualmente, com dados do Censo de 2010, são 8.161 habitantes, sendo a maioria de população masculina [57,1% homens e 42,9% mulheres]. [mais dados da cidade no site do IBGE]

Monsenhor Paulo Emílio Moinhos de Vilhena

Nascido em Campanha, aos 12 de junho de 1847, Paulo Emílio Moinhos de Vilhena era filho do Major Mathias Antonio Moinhos de Vilhena e de Escolástica Joaquina de Oliveira Carvalho. Iniciou os estudos em Campanha e, com 19 anos, foi para o Seminário de Mariana. Na manhã de 4 de junho de 1871, no Santuário do Caraça, recebeu as ordens sacerdotais das mãos de Antonio Ferreira Viçoso, Dom Viçoso, Bispo da Diocese de Mariana.

Retornando para sua cidade natal, iniciou sua vida sacerdotal como coadjutor do vigário da Campanha. Em suas ações sacerdotais pela região, o Padre Paulo atendia a zona rural e, a cavalo, visitava as fazendas até a capela de Ponte Alta, na propriedade do próprio pai, na fazenda Conceição.

A assistência espiritual e social junto às comunidades priorizava os mais humildes. A castidade e a caridade eram suas principais virtudes, que se seguiram até a morte, em 6 de janeiro de 1926. Ele faleceu na casa da sobrinha e sepultado no cemitério da Campanha. Em 8 de dezembro de 2005, em comemoração ao dia da cidade, em homenagem ao patrono, os restos mortais foram transferidos para o cemitério de Monsenhor Paulo.